24/12/08

crise das utopias

texto de Massimo Borghesi

“Em resumo, o que aconteceu de 1968 a 1989 e até 2008? Passamos da utopia coletivista a um individualismo exasperado, e depois à consciência de que tanto um quanto o outro são ideologias. É ideologia o marxismo, é ideologia a idéia de que a globalização traz o paraíso à terra. Tudo não passa de ideologia. Na realidade prática, são necessários tanto o Estado como o mercado; são necessárias tanto a nação como a abertura como a realidade supranacional, tanto a laicidade como a abertura para a dimensão religiosa, tanto a fé como a razão. Esta é a compreensão realista, que considera as diferenças e ao mesmo tempo trabalha para trazê-las a uma possível harmonia... Um modelo é ideológico precisamente quando pretende simplificar a realidade, reduzindo-a à unidade. A realidade não é uma: vive de tensões que têm de ser contidas para que não se tornem conflitivas, para que explodam. Isso vale para as suas diversas formas, desde classes sociais e religiões até as nações e os estados.. Por isso, pede sempre uma ‘política’ em sentido amplo, política que é a arte, não apenas do possível, mas a arte de criar relações tranqüilas entre diversas entidades contrapostas”.

Silvio D'Amico