Podemos  entender que o que  buscamos no outro – seja na paixão, em que há idealização e passividade, seja no amor, em que 
pode haver aprovação da realidade e atividade – é reencontrar, no mundo descontínuo, a continuidade que nos constitui. Dito de outra maneira, buscamos uma união com a vida, através da relativa união com o outro.  Deste modo, o amor deixa de ser pensado como uma ilusão; ao contrário, podemos  entender que ao me associar intimamente com o outro, não estou tentando destruí-lo, nem ele a  mim, mas fazendo com que esta união aumente a potência de agir – um termo de Spinoza – de  um e de outro. A univocidade permite pensar o amor como uma associação de dois modos da  substância de maneira não a formar “um”, nem a fazer um “contrato”, mas de modo a vivenciar  esta relação aparentemente paradoxal de univocidade em que um e outro são como duas  individuações deste conjunto formado
Silvio D'Amico