18/10/08

receita para desastres

Editorial da "Folha"

É urgente uma lei que proíba greve entre policiais -civis e militares-, a exemplo do que a Carta estabelece para as Forças Armadas. Agentes públicos com autorização de portar armas não podem utilizar esse mandato para pressões covardes, acuando autoridades, ameaçando a população e disseminando a sensação de descontrole numa área vital.
Desde a promulgação da Constituição, em 1988, o Congresso se omite em deliberar sobre a greve no funcionalismo. Para preencher o vazio, o Supremo Tribunal Federal restringiu as greves nos serviços públicos. Impôs limites semelhantes aos vigentes para a iniciativa privada, impedindo interrupção completa de serviços essenciais. É pouco.
Ainda que a Justiça tenha determinado que nenhum serviço fosse interrompido pelos policiais civis -que deveriam manter 80% de seu efetivo-, a população enfrenta paralisação e precariedade em diversos setores.
Ao protagonizarem o motim, os líderes grevistas deram uma demonstração de irresponsabilidade e precisam ser punidos. A contaminação partidária do movimento também é mais um ingrediente explosivo que deveria ter sido evitado. Líderes políticos e sindicais insuflaram o conflito para atingir o governo. Essa é receita para desastres.

Silvio D'Amico