16/06/07

Aposte no perverso

Texto de João de Oliveira Nemo
sociólogo

Aposte no perverso ou, pelo menos, na perversão. É o que parece ser a mais luminosa lição do enredo político recente no Brasil.

Se há uma sabedoria por trás dos repetidos acertos de julgamento que este governo e seus representantes vêm cometendo é essa: apostam sempre no lado negro da força, como diria o mestre Jedi. Confiam na fraqueza moral e falta de caráter dos personagens, na mesquinhez humana, no desprezo pela honestidade intelectual e acertam! Não é que optem, necessariamente, na escolha por personagens perversos, mas confiam, e com razão, no preço módico das almas pequenas disponíveis no mercado. Parece haver, também, um prazer mórbido em corromper, expor a pusilanimidade dos espíritos e demonstrar que não há pretendidas convicções que resistam à sedução de umas migalhas na mesa do poder.

Enquanto os mais inocentes de nós ficam na esperança de que haja alguma reserva moral, assistimos os agentes do governo e do seu partido confiarem sempre na falta de caráter alheia e acertarem. Não importa se o sujeito algum dia, posando para a platéia, proferiu cobras e lagartos contra o apedeuta e seus asseclas; não importa se este ou aquele já foi vítima, com razão ou sem ela, de toda peçonha denuncista do partido governante; não importa sequer se foi, algum dia, defenestrado da vida política

Silvio D'Amico